O medo. Esse incontestável “inimigo”!
Como lidar com ele.


por Madalena Junqueira

Se eu perguntar à pessoa que está lendo este artigo, se já sentiu medo alguma vez, provavelmente a sua resposta é sim.

O medo surge quando as nossas fantasias nos parecem reais. Ele não é real, mas para nós, parece ser.

O medo é um sentimento de fraqueza. Nem sempre possui algo de concreto que o justifique. São pensamentos. Pressuposições do nosso cérebro.

Conhecemos o medo como sendo nosso grande inimigo. Existe, porém a possibilidade de o descobrirmos como nosso amigo.

O medo, visto como inimigo, é aquele que nos paralisa. Ele impede que façamos alguma coisa, na direção de nossos objetivos. Faz com que fiquemos no mesmo lugar, sem progresso e sem mudanças significativas em nossa vida. Ele gera pensamentos assim:

- E se não der certo? Os empecilhos são muitos, é melhor não arriscar, é perigoso, posso me machucar, posso me dar mal.

E aí, não fazemos nada. Assim, nada muda. Tudo fica do jeito que está.

O medo não permite que entremos em contato com o objeto desse medo e, portanto, impede que aprendamos a lidar com ele. Se não sabemos lidar com ele, continuamos subjugados por ele, à sua mercê, ou seja, sofrendo, e nos limitando.

Quando o consideramos como nosso amigo compreendemos que, se por um lado nos impede de aprender a lidar com o objeto do medo, por outro lado não permite que nos exponhamos ao perigo. Ele nos protege do perigo. Daquilo que o nosso cérebro considera perigoso. Ele nos protege daquilo de que temos medo. Ele é benéfico, por um certo ângulo. É, portanto, ambíguo e limitante. Tem duas funções: o lado bom e o lado que nos prejudica.

Essa proteção que ele nos dá pode não ser tão importante que valha a pena mantê-lo conosco. Talvez não seja suficiente para compensar o mal estar que provoca.

O mais adequado talvez seja eliminarmos o medo de nossas vidas e colocarmos algo melhor no lugar. Por exemplo: se alguém tem medo de avião perde oportunidades de conhecer lugares muito agradáveis. Descobrindo-se a origem do medo, é possível eliminá-lo. Assim, sua vida poderá mudar consideravelmente, quando a pessoa puder viajar e conhecer outros lugares.

É claro que precisamos entender e respeitar o medo de cada um. Sem críticas ou julgamentos. Sem achar que seja exagero ou bobagem, pois quem o sente é que conhece a verdadeira dimensão de seu mal estar.

Devemos compreender que é normal ter medo, e que eles podem ser eliminados da nossa mente, nosso cérebro, da nossa vida, dos nossos comportamentos.

Uma das formas de se fazer isso é exercitando a mudança de pensamentos e dirigindo a nossa atenção para o lado oposto. Para o lado positivo do medo. Consequentemente ocorrerá também uma mudança de comportamentos.

Por exemplo: se alguém tem medo de elevador, não poderá morar nem trabalhar em prédios altos, ou, se o fizer, poderá tornar-se um atleta, de tanto subir e descer escadas. Se perder esse medo ele poderá ganhar tempo, facilitar sua vida, porém corre o risco de, talvez, perder a forma física ou engordar. Depende de sua escolha. Nem sempre é conveniente perder-se alguns medos.

Há uma grande variedade de medos, como:

- Fobias diversas, o medo da morte, da falta, da rejeição, do abandono, da violência, de sair de casa (agorafobia); de envelhecer, de gente, de falar com outras pessoas, de falar em público; de lugares fechados, como elevador; de mudar, de não mudar; da felicidade, do ridículo, da intimidade, do desconhecido; medo de amar, medo de sofrer; medo do medo (que é o pânico); medo de errar. Este é um dos mais poderosos, e tem força suficiente para nos paralisar.

As pessoas não têm apenas um medo. Podem possuir vários, ao mesmo tempo e há até algumas pessoas que dizem ter medo de tudo.

Mesmo as pessoas que dizem não ter medo de nada, talvez até tenham medo de pensar em ter medo.

Alguns medos vêm do instinto de sobrevivência e eliminá-lo pode ser um risco à segurança da pessoa. É conveniente, portanto, mantê-lo sob controle e não, tornar-se escravo dele.

A fobia é algo que está fora do controle consciente da pessoa. É gerada por alguma circunstância traumática, quando foi aprendido que aquela situação oferecia perigo. O inconsciente, então, mantém a fobia, para afastar a pessoa daquela situação perigosa. Por exemplo, o medo de bichos ou insetos, como barata, aranha, ratos, entre outros.

Entre os medos mais comuns e mais fortes destacam-se:

O medo da felicidade.

Há pessoas que têm medo até da felicidade. Não acreditam no próprio merecimento. Seu medo é de que a felicidade acabe e traga sofrimento. Preferem deixar as coisas como estão, que assim, pelo menos, elas sabem o que está acontecendo e sabem administrar.

Para vencer esse medo é necessário acreditar no próprio merecimento e no seu direito à felicidade. Todas as pessoas merecem o que há de melhor. Se cada um se propuser a fazer tudo o que depender de si mesmo para ser feliz, usando todas as suas capacidades, a felicidade poderá ser mais facilmente conquistada e mantida. Guardando os momentos felizes na sua memória, ao invés de guardar os piores.

O medo do futuro

Como será o amanha? Ninguém sabe. Ninguém nem ao menos sabe se estará vivo amanha. O futuro deve ser preparado no presente para que seja de sucesso. Todas as condições de ação e de movimento estão no presente.

As experiências do passado e o aprendizado que trouxeram são muito úteis e fazem parte da pessoa hoje, no aqui e agora. Ela trouxe para o presente, todo o seu aprendizado, como, por exemplo, fazer contas, escrever, desenhar, dançar, usar o computador, falar inglês. Ter um diploma e/ou uma profissão. Tudo o que foi aprendido no passado está gravado no seu cérebro aqui no presente, hoje. Aqui é que ele é útil e pode ser usado. Só no presente, que é o seu ponto de poder.

O medo da rejeição

É auto-rejeição. Se a pessoa não mostrar quem é os outros não saberão. Todos querem a aprovação alheia. Querem agradar para obter reconhecimento. Forçam situações e comportamentos na tentativa de serem aceitos. Fazem-se de “bonzinhos” e não expressam o que realmente sentem. Seduzem e fazem de tudo, em troca de retribuição. Querem apoio ao invés de rejeição. Têm dentro de si um vazio, que procuram preencher com a aprovação alheia.

Ser bom não é ter a obrigação de fazer tudo para os outros. Não é preciso fazer tudo que os outros querem, a não ser que seja um prazer. Que seja aquilo que também se quer. Sem expectativa, sem esperar nada em troca.

Pânico

O pânico é caracterizado por uma somatória de medos, entrelaçados, que geram profundo mal estar. É um medo exacerbado, que paralisa a pessoa que o sente, impedindo que ela, até mesmo, saia de casa. Ela tem medo de se sentir mal e de passar por outras situações piores e então prefere não arriscar-se. Escolhe uma situação de aparente proteção. Aparente porque, mesmo assim, acaba se sentindo mal.

O outro lado do pânico é a vantagem e os ganhos que a pessoa obtém, pelo fato de não se expor. O fato de atrair atenções para si, ou a tentativa de manipular as pessoas mais próximas através de sua aparente incapacidade. Recebem atenção, companhia, cuidados, ajuda, entre outras vantagens.

Talvez, no seu inconsciente, ela não conheça outras maneiras de conseguir essa atenção. Há outras causas envolvidas na sensação de pânico, pois cada caso é diferente um do outro e todas as pessoas são individualidades distintas. Há que se estudar cada caso.

O Medo de errar.

O medo de errar está intimamente ligado ao medo da rejeição. Surge o pensamento: se eu errar, posso ser rejeitado. Ou: “se eu não fizer do jeito do outro, ele, ou ela, não vai mais gostar de mim”.

Todos já passaram pela experiência de começar a fazer algo e ficar pensando se vai dar certo ou não. Todos já tiveram, talvez, o medo de encarar uma situação e ir em frente, para realizar aquilo a que se propôs.

Muitos chegam a desistir de seu propósito, pela simples suposição de que pode dar errado. Não arriscam. Outros vão em frente e conseguem.

É um medo de que descubram a verdade a nosso respeito.

É o medo do desconhecido. Quando a situação é conhecida, a pessoa sabe lidar com ela. Já conhece, mais ou menos os resultados. Se tomar um atitude diferente, não sabe o que vai acontecer. Pode ser que o resultado novo seja bom ou não. É melhor não arriscar, não fazer, não ir, não tomar atitudes. Se arriscar, é possível ganhar, ou perder.

Há 50 por cento de chance de ganhar e 50 por cento de perder!

Se você arrisca e faz, você já parte com 50 por cento de chance de vitoria. Se você não arrisca, não há nenhuma possibilidade de vitória. Já perdeu!

Medo de errar é vaidade e arrogância camufladas. É querer mostrar para os outros o que não é. Mostrar como é melhor que os outros. A pessoa age dessa maneira, na verdade não se aceita como é.

O medo do ridículo.

Têm medo de parecerem ridículas e deixarem de ser a pessoa “certinha”. Isso demonstra muita pretensão. Não reconhecem que são seres humanos, sujeitos a erros e enganos.

Acertar é apenas mostrar o que já sabe. Não há nenhuma novidade nisso. Todo mundo mostra o que sabe, o tempo todo. Enganar-se ou fazer algo errado é um exercício, é um treino, dá uma grande oportunidade de aprendizado. Tudo na vida precisa de treino. Todos precisaram de ,muito treino, por exemplo, quando aprenderam a andar, a falar, a ler, escrever, ou a dirigir. Cada etapa foi sendo vencida, uma após a outra, no seu tempo.

Se pensarmos sobre o que, de pior, pode acontecer se cometermos alguma falha ou engano compreenderemos que nada de tão sério aconteceria. O nosso cérebro tem o hábito de pressupor acontecimentos nefastos. De qualquer forma, tudo tem jeito de se resolver e solucionar e, na maioria das vezes, de se fazer de novo.

Se aquilo que se faz não dá o resultado desejado, há sempre a chance de se fazer diferente, quantas vezes for preciso.

Esse é o caminho do aprendizado. Fazer sempre diferente. Aprendendo com os próprios erros. Extraindo deles o melhor ensinamento.

Todos têm diariamente muitas oportunidades de fazerem algo novo. O processo evolutivo, de crescimento individual é baseado nas mudanças e nos novos aprendizados .

Ha uma fórmula para se libertar desses medos. Para se aceitar como se é, como uma pessoa maravilhosa e cheia de qualidades, capacidades, que talvez nem a própria pessoa reconheça que tem.

A fórmula é confessar tudo o que se acha de si mesmo. Aceitar o que fez e admitir o que realmente sente:

“Eu fiz mesmo e pronto! Sou humano e posso errar. Confesso que fiz!”

Perdoar-se! Compreender que é humano, que é, como todo mundo, sujeito a falhas. Que não há porque ter culpa ou arrependimento. Aceitar-se com todas as suas possibilidades de falhas. Sempre há a oportunidade de refazer.

Há também a fórmula do sucesso ou do fracasso, que é uma só: o que se acredita.

Se alguém acredita que pode algo, está certo.

Se acredita que não pode, também está certo. Pois, ao acreditar que não pode, não vai fazer nada. Vai ficar onde está. O medo vai segurá-lo no lugar onde está. Ao acreditar que pode, a própria pessoa abre todas as portas para a sua realização plena.

Exercícios

Agora que você já afastou seu maior medo, responda sinceramente à pergunta que farei em seguida.

O que você faria se não tivesse medo?

Mergulhe profundamente dentro de si mesmo e busque a resposta. Pense! Quanto mais absurda parecer a resposta, mais verdadeira ela é.

Essa resposta lhe dará orientação sobre seu verdadeiros desejos. Sobre a sua verdade e aquilo que você realmente quer da vida. Preste muita atenção nessa resposta e passe a refletir sobre ela. A partir dela, você poderá começar a detectar as causas de seus medos.