Metáforas
Cura rápida de angústia


por Madalena Junqueira

Certa noite eu estava triste, desanimada, angustiada, achando a vida sem graça e sem cor. Todas as vezes que me sinto assim, procuro alguma coisa que seja verde, pois ouvi dizer que essa é a cor da cura e quando encontro, costumo me sentir melhor.

Naquela noite, assim o fiz, porém, nada verde encontrei e então fui dormir, o que não consegui. Não sei se pelo meu estado lastimável, ou por uma certa luminosidade intermitente que surgiu por debaixo da porta do banheiro anexo ao meu quarto.

- "Que luz, será essa?" pensei.

Intrigada, levantei-me e fui conferir. Abri a porta do banheiro e lá não havia nada.

- "Devo estar sonhando" - concluí. Voltei para a cama e o pisca-pisca debaixo da porta do banheiro reapareceu.

- "Agora eu sei que estou acordada!" - disse para mim mesma.

Fui novamente ver o que estava acontecendo e, ao abrir a porta do banheiro, novamente, nada vi. Fechei-a, porém desta vez permaneci lá dentro, quietinha, para ver o que aconteceria.

Dali a pouco começou novamente o pisca-pisca, e era verde! Uma linda luz verde fosforescente, piscava dentro do vaso sanitário, colorindo todo o ambiente de verde claro. Aproximei-me devagarinho e constatei ser um pequenino vaga-lume e que, não sei como, havia ali caído. Fiquei, ao mesmo tempo, emocionada e surpresa: ali estava o verde que eu procurava!

- "Como era possível um vaga-lume surgir no banheiro de um apartamento no vigésimo quarto andar de um prédio, no coração de uma grande metrópole como São Paulo, cercada de concreto por todos os lados?

Mistério!

Percebi que ele não estava bem. Ou estava cansado, ou machucado, ou mesmo doentinho.

Com muita ternura e muito cuidado, coloquei-o em uma folha de papel e o transportei, delicadamente, até a janela, para que ele pudesse voar. Ele, porém, estava muito mal e já nem mais piscava a sua luzinha verde.

Fitei-o por alguns minutos, conversei bastante com ele e incentivei-o a voar. Disse-lhe coisas bonitas e contei-lhe que ele havia me trazido uma energia muito forte e poderosa que me tirou daquele estado ruim em que eu estava; que devolveu-me a alegria que eu buscava.

Apenas com sua presença reluzente ele havia iluminado a minha vida e enchido meu coração de paz.

Disse-lhe o quanto ele era importante neste Universo imenso e que por isso o Criador o havia presenteado com uma luz verde, a cor da cura; que ele estava cumprindo o seu papel, saindo-se muito bem e que ele se esforçasse para continuar fazendo isso. Da mesma forma que ele havia ajudado a mim, poderia faze-lo também com outras pessoas. A sua simples presença se constitui sempre num elemento difundor de alegria, pois não há quem não o veja que não diga: - "Olha que lindo! É um vaga-lume".

Depois de muito conversar, eu já estava ficando triste, perdendo as esperanças, julgando-o já sem vida. Ele simplesmente não reagia. Mesmo assim, continuei incentivando-o:

- "Vai, você consegue! Eu sei que você pode! Insista! Anime-se! Você é maravilhoso!".

De repente ele começou a se movimentar devagarinho; fez um círculo, como se estivesse se virando de frente para mim, acendeu as luzes e alçou vôo rumo ao horizonte.

Saiu piscando alegremente como se estivesse dando adeus para mim e perdeu-se na noite, misturando-se as luzes dos postes e dos prédios. Foi embora e deixou meu coração cheio de alegria.

Agradeci a Deus por ter me mandado resposta para sanar minha angústia de uma forma tão singela e tão bela. Concluí que é preciso tão pouco para sermos felizes!

Quem confiar não precisa temer!