Metáforas
Anatura


por Madalena Junqueira

Era uma vez uma jovem chamada Anatura que vivia sozinha em uma grande casa no alto de uma montanha, rodeada de árvores, flores, além de doces e mansos animaizinhos, todos seus amigos, com os quais costumava brincar sempre que podia.

Ela se dividia entre o trabalho no escritório de uma grande empresa - a alguns quilômetros dali - e o serviço de casa, e isso a deixava muito cansada. Um dia ela resolveu arrumar quem a ajudasse, e, a exemplo de Branca de Neve, convidou seus amiguinhos para ajudá-la e assim, viverem todos juntos. Eles gostaram muito dessa ideia. Havia passarinho, coelho, gato, cachorro, ratinho, galinha, pato, marreco, coruja, raposa, hamster e até um gremlim bem comportado.

A cada um foi destinada uma tarefa específica, como cuidar da louça, lavar e passar a roupa, limpar a casa, os banheiros, arrumar as camas, cozinhar, limpar o jardim, regar as plantas, limpá-las de ervas daninhas, providenciar a lenha da lareira etc. O setor de abastecimento seria de responsabilidade de Anatura.

Ela lhes ensinou, cuidadosamente, a sua tarefa específica, com muito carinho e paciencia e a partir de então, passaram a conviver, pacificamente, felizes, nessa casa.

Cada um deles, porém, se alimentava de uma maneira diferente, ingerindo alimentos diferenciados, adequados a suas naturezas, os quais eram trazidos por Anatura no final do dia, quando voltava do trabalho.

A paz reinava completa nesse lar, cheio de amizade, compreensão e companheirismo, cada um fazendo a sua parte.

Até que um dia acabou a cenoura de D. Coelha, que era a responsável pela cozinha . Ela cuidou da alimentação de todos, porém, ficou sem comer nada. No dia seguinte Anatura, que estava um pouco febril, por causa de um resfriado, acabou se esquecendo de trazer sua cenoura.

D. Coelha ficou mais um dia sem ter o que comer. No 3o dia ela já estava ligeiramente fraca e não deu conta de preparar as refeiçoes dos coleguinhas. Foi uma grita geral! Todos com fome! Revoltados! Quando Anatura chegou, novamente
havia se esquecido da cenoura. Nessa noite todos ficaram sem jantar, até mesmo Anatura.

No dia seguinte, todos descontentes e com fome, fizeram greve e também não executaram suas tarefas.

Foi um desequilíbrio total naquela casa. O trabalho de cada um deles era diretamente subordinado ao do outro. Se a roupa não foi lavada, não poderia ser passada e nem guardada pela arrumadeira! Se não havia comida, não havia mesa para arrumar e nem louça para lavar! E assim por diante...

Anatura, consciente de sua responsabilidade pela situação desagradável, esmerou-se na recuperação do equilíbrio de seu lar, cuidando de cada um dos seus amiguinhos, com muito amor, atenção e dedicação, dando a cada um deles o que estava sendo solicitado. Tratando cada um da maneira que mereciam ser tratados, resguardando suas diferenças individuais e preferencias. Tomando todo o cuidado para manter o respeito a cada um deles, pois eram muito importantes para ela.

Felizmente, depois de alguns dias, tudo voltou ao normal e a paz voltou a reinar naquela casa, onde todos viveram felizes para sempre.

ASSIM É O NOSSO CORPO.

Se nós o alimentarmos adequadamente e lhe dermos a devida atenção, ele responde trabalhando na mais perfeita harmonia, com todos os órgaos auxiliando-se uns aos outros.

Se nos faltar algum tipo de "alimento", quer seja físico, mental ou emocional, todo o nosso equilíbrio será comprometido e distúrbios podem surgir em todas essas áreas.

Uma doença nada mais é do que a parte do nosso corpo, mente ou coração reclamando desatenção ou tratamento inadequado.

Da mesma forma que Anatura conseguiu reequilibrar a sua casa, geralmente conseguimos melhorar o nosso corpo físico, mental e emocional, porém, em alguns casos, talvez já não seja suficiente apenas a reposição da cenoura de D. Coelha.